jason o criador de brinquedos
creditos: http://sigmapasta.blogspot.com.br/
Não tenho muitas lembranças do meu passado. O rosto dos meus verdadeiros pais estava desfocado na minha mente. Eu tinha apenas alguns flashes da minha infância, nomes sem rostos e escuridão total.
Aos nove anos de idade algo aconteceu comigo. O trauma foi tão grande que me fez querer esquecer a maior parte da minha vida, felizmente ou não, eu esqueci. Minha única lembrança vívida, porém, muito nebulosa está relacionado a quem devia ser meu melhor amigo antes do trauma. Era uma imagem dele ainda borrada na minha mente, de fundo uma risada junto com a melodia de uma caixinha de música. Se eu forçar bem, ainda podia ver seus olhos castanhos e cabelos mogno escuro. Lembrei-me de seu sorriso amigável, mas nada mais. O resto desapareceu na escuridão.
Sem ninguém saber do meu passado, eu fui levado à um orfanato. Impressionantemente fui adotado. Madalena e Steven me trouxeram de volta a sensação e calor de ter uma família, era um sentimento que eu também havia esquecido.
Minha amnesia me levou à testes e exames psicológicos, semana após semana, mês após mês e ano após ano. Até que lentamente começaram a acreditar que era um caso irreversível. Por um lado, eu queria saber o que aconteceu comigo, mas por outro, uma estranha sensação de angustia me fazia acreditar que era melhor eu não querer saber o que aconteceu.
Obviamente isso trouxe consequências para mim. Era uma sensação de ser perseguido por algo.
Especialistas disseram que nasci com um material genético no DNA que está relacionado a uma memória especial que foi continuamente estimulada. Não se sabe a cause nem o que realmente e apesar dos meus esforços eu mão conseguia me concentrar no que foi armazenado e esquecido nessa memória.
Eu me sentia como se estivesse sendo vigiado constantemente, mas não por pessoas, me sentia vigiado pelos brinquedos no meu quarto. Era estupido eu sei, no início eles eram apenas brinquedos, mas uma vez e outra, grandes olhos redondos olhavam para mim. Desde que eu era pequeno eu sempre pensei que os brinquedos de pelúcia do meu quarto estivessem vivos e muitas vezes eu tentava provar. Eu olhava por um instante para fora do meu quarto entre a porta, depois voltava meus olhos para onde estava minha atenção e quando meus olhos passavam por um relance eu tinha a impressão de ver os olhos piscarem.
Se brinquedos eram uma das minhas poucas lembranças que me fazia sorrir, as coisas mudaram. Uma vez e outra, brinquedos olhavam para mim, quase parecia que estavam testando minha sanidade e eu não aguentava mais. A ideia de estar ficando louco preenchia minha cabeça. As vezes parecia que eles se moviam, virando seus rostos para mim e outras vezes faziam barulhos no meu quarto. Não podia ser verdade, era impossível. Porque esses pensamentos me assombram?
Porque eu odeio tanto brinquedos? Então, porque não me livrar deles? Eles poderiam ser doados a outras crianças ou simplesmente poderia joga-los fora.
Um dia eu tentei, eu realmente tentei, mas quando tomei um deles nos braços, fui preso a um forte sentimento de ansiedade obscura.
Eu sempre acabava trazendo-os de volta para seus lugares na estante, na minha cama ou nas prateleiras, então eu comecei a tomar tranquilizantes.
Havia apenas um brinquedo que eu levava comigo à noite, apesar da minha idade, eu não conseguia me separar dele. Eu sentia um calor familiar que devia ter começado antes da minha amnesia.
Eu o encontrei em meu armário no orfanato e desde então nos tornamos inseparáveis. Era o Sr. Coelho, ele tem orelhas flexíveis, de um lado era vermelho e do outro, cor de caramelo. Ele usava um colete preto com duas mangas longas que se arrastava até os pés e tinha elegantes pontos em cada borda do tecido. Seu pequeno olho esquerdo foi costurado com um tampão feito a partir de um botão preto de camisa. Era divertido, mas parecia ser o único brinquedo inofensivo. Devido a paranoia com os outros brinquedos, eu voltei a dormir junto com o Sr. Coelho. Eu acreditava que ele poderia me proteger.
Naquela noite eu deixei ele escapar dos meus braços para debaixo da coberta, escapei do meu sono instantaneamente e minhas antigas paredes rangeram.
Eu estava parado no escuro, incapaz de me mover ou entender como fui parar lá, rodeado apenas por um agudo silêncio. Algo viscoso agarrou meu pulso e apertou com tanta força que a dor percorreu por todo meu corpo. Um conjunto de unhas pontudas como agulhas lentamente começou a penetrar minha carne. Eu o via cortando minha pele e me fazendo sangrar. Eu gritava e chorava, mas a risada cobria o som dos meus apelos desesperados.
- ELA PERTENCE A MIM - Uma voz sussurrou. Dentro desse abismo de escuridão, dois olhos verdes brilhantes apareceram diante de mim apenas alguns centímetros do meu rosto.
- VOCÊ É APENAS UM IMPECILIO PARA MIM! HAHAHAHA – Aquilo começou a gargalhar da minha dor enquanto eu era perfurado por unhas que mais pareciam agulhas ou facas.
Ele me furou e mexia com ferramentas enferrujadas dentro de minha carne, ele dizia que estava ali para me consertar. Notei uma porta aberta, era a única coisa que podia fazer distinguir na escuridão. Meus olhos estavam embaçados pela dor, mas pude notar algumas pessoas que na verdade pereciam muito menores. Eu vi que eles não eram pessoas reais. Eram brinquedos de pessoas e bonecos, nesse momento eu senti uma forte sensação de náusea tomando conta de mim apenas por olhar para eles. Algo neles fez meu estomago se revirar, eu sentia como se aqueles bonecos já tivessem sidos pessoas reais.
- ELA PERTENCE A MIM.
Com isso eu acordei, meus olhos estavam bem abertos e meus batimentos cardíacos estavam tão acelerados que eu podia senti-los batendo na minha garganta. Com dificuldade para respirar eu me sentei na cama e esfreguei os olhos e notei que estava suando. Deixei meu coelho cair no chão de cabeça para baixo, me abaixei para pega-lo e colocá-lo de volta na cama. Minha respiração voltava ao normal, mas a imagem daquelas unhas pontudas, todo aquele sangue e aqueles brinquedos assustadores foram incluídas na minha mente.
Eu nunca tive um pesadelo daquele antes. As sensações foram terrivelmente reais. Eu ainda podia sentir aquelas garras fazendo buracos na minha carne, mas eu estava tranquilo por estar acordado. A porta rangeu e minha mãe entrou pelo quarto, assim que ela viu meu rosto exausto seu sorriso desapareceu.
-Querido? Você está bem?
- Sim mãe, foi só um pesadelo. Agora estou bem.
-Ok, Deise veio te visitar e está te esperando na sala.
Com isso eu sai da cama, eu estava acabado e eu não queria que minha melhor amiga me visse assim. No espaço de alguns minutos eu sai do meu quarto pronto. Na minha pressa eu estava sem folego.
-Finalmente! – Disse Deise sorrindo.
Eu conheci Deise na escola e desde então nos tornamos inseparáveis. Ela era uma pessoa muito generosa e bem-vinda na família. Meus pais apreciam suas boas maneiras, mas o que eu amava nela era uma atitude em particular, ela nunca me perguntou nada sobre meu passado. Eu tive a oportunidade de falar da minha amnesia com confiança.
O dia estava agradável e ensolarado, portando ficamos debaixo de uma árvore no jardim. Conversávamos lá enquanto a árvore nos servia de abrigo contra o sol. Eu levei alguns lápis de cor e folhas para passarmos o tempo. Deise logo cansou de desenhar e foi colher algumas margaridas para coloca-las em suas tranças loiras enquanto resmungava algo sobre Luisa, uma menina que se achava o centro das atenções. Enquanto ela falava eu ficava desenhando sem tirar os olhos do papel.
- Quem é esse? Ela me perguntou ao ver meu desenho. Era como se eu estivesse em um estado de transe naquele momento, eu falhei minhas pálpebras contra o papel e me senti bastante confuso ao ver repetidas vezes o mesmo desenho.
- Eu não sei;
Eu não tinha ideia de quem ele era. A imagem mais nítida mostrava a imagem de um homem vestindo um colete preto com um casaco extravagante e volumoso nos ombros. Tinha um sorriso bonito e feliz e dois olhos amarelos que estavam um pouco cobertos por sua franja. Ele usava roupas escuras e na mão segurava uma caixa azul, semelhante a uma caixinha de música.
- Acho que devo ter visto em algum desenho.
- Ah, entendi. Vou comprar um sorvete – Disse Deise, mudando logo de assunto nossa conversa, aparentemente não muito interessada.
Naquela mesma noite tive outro pesadelo e esse era pior que o último. Sonhei com a figura escura novamente, que me torturava brutalmente e repetia a mesma frase outra e outra vez.
- ELA PERTENCE A MIM.
Acordei as duas da manhã com minha respiração ofegante. Eu me virei no sentido contra a parede, coloquei as mãos no meu rosto e respirei fundo.
- Foi só um sonho, foi só um sonho – Eu sussurrei. Então eu olhei para o Sr. Coelho ao meu lado. Ele estava olhando diretamente para mim com os olhos negros e de raiva, eu me assustei e o joguei no chão. Desde que comecei a dormir com essa coisa, meus sonhos se tornaram pesadelos. Me virei para descansar as pernas e em seguida senti algo tocar meus pés.
Ergui os olhos e notei um brinquedo sobre minha cama. Um brinquedo que eu nunca tinha visto antes na vida. No começo eu estava congelado no meu lugar, tudo que podia fazer era olhar para ela. Não entendi como ela foi aparecer lá. Minha mente começou a pensar sobre meus verdadeiros pais terem deixado esse brinquedo de presente. Talvez eu não gostasse tanto assim desses brinquedos, para dizer a verdade a presença deles me incomodava.
http://bit.ly/Novosigma
Essa era uma boneca peculiar de cera, em uma de suas pernas havia uma corrente presa a uma bola pequena, mas pesada, como se fosse para evitar que a boneca fugisse. Ela tinha um cocar de margaridas em seus cabelos, usava um vestido branco de renda bordado com fita amarrada em torno da cintura. Seus braços eram longos e tinham dedos longos de forma que não era normal para uma boneca. O que mais me chamou a atenção era uma rosa que ela tinha no meio da boca como se ela tivesse sido silenciada.
Olhei mais de perto examinando sob o luar, eu toquei seu rosto e percebi que havia algo de errado, me ajoelhei e tentei olhar ainda mais de perto, então eu ouvi algo. Uma espécie de som fraco... parecia como um... apito... eu senti uma pulsação, vinha do brinquedo!
Eu gritei e me levantei aterrorizado derrubando ela no chão, eu tremia violentamente e fui ao canto da
parede gritando por meus pais. Então de repente, tudo se tornou surreal.
A parede ao lado tinha o quadro que começou a tremer, a parede ganhou relevo como se houvesse bolhas entre a tinta e o cimento. Gradualmente as fissuras apareceram e aumentaram em número. O quadro na parede caiu no chão revelando uma porta atrás dela. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, essas coisas só acontecem em livros ou em nossa imaginação, mas para minha surpresa eu sentia que algo estava vindo daquela porta. Então via as mesmas mãos negras e pontiagudas que eu presenciava em meus pesadelos.
- Você não gostou da visita de Deise? – Disse a criatura na porta – Eu não gostei disso, sabe? Ela chorou muito.
Deise? Como assim? Olhei em volta, confuso, procurando a presença da minha amiga que obviamente não estava lá. No final, meus olhos observavam a boneca. Aquele cabelo loiro me parecia estranhamente familiar. Prendi a respiração, um pesadelo, isso só poderia ser outro pesadelo. Peguei a boneca do chão e levei até perto do meu rosto com minhas mãos trêmulas. Eu coloquei meu ouvido perto de seu peito e ouvi um som junto com o apito. Era, batimentos cardíacos!
-Deise? Deise! – Eu gritei desesperadamente. Tinha que ser um pesadelo. Algo assim não poderia estar acontecendo.
Percebi que meus pais estavam próximos ao meu quarto, eles devem ter me ouvido gritar, mas a coisa estava bloqueando a entrada. Meus pais começaram a bater fortemente na tentativa de invadir o quarto, eu estava em pânico sem saber o que fazer. Não era como nos sonhos, o monstro era real como nos pesadelos de tortura. Meu coração estava batendo tão forte que eu comecei a sentir a dor e a suar frio e o tremor nas minhas mãos estavam difícil de controlar.
O monstro continuava na porta imóvel. Na penumbra pude ver seu sorriso maligno como se estivesse esperando alguma reação minha. Tentei libertar a boneca da corrente de cera que parecia pesar toneladas para seu tamanho. Forcei, forcei e forcei enquanto o apito que vinha da boneca se tornaram mais intensos até que eu senti algo molhado sob minhas unhas. Olhei para minhas mãos e estavam cobertas de sangue. A corrente parecia fazer parte dela e os pequenos cortes que fiz na corrente não estava ajudando em nada. A boneca que supostamente era Deise estava sofrendo, seus apitos eram mais horrendos, mas sua expressão permanecia impassível a de uma boneca. Eu tremia em horror. Eu tinha que me conter e de repente a criatura pegou no meu braço.
- Nathan, você está machucando ela! – Exclamou o ser dos olhos esverdeados – O Sr. Coelho também não gostou de ser derrubado, mas eu te perdoo. Você se juntará a eles se continuar com essa malcriação;
Que diabos é vocês? – Eu tremia como um louco tentando me libertar enquanto meus pais tentavam arrombar a porta. A Expressão dessa criatura estava cheio de admiração pela minha pergunta.
- Eu sou Jason, o criador de brinquedos – Exclamou ele – Seu fiel amigo e único que realmente pode confiar!
Ouvir seu nome fez algo mover em minhas memorias, como um choque elétrico que percorreu todo meu corpo. Meu pai conseguiu quebrar a porta e acendeu a luz. Quando finalmente vi seu rosto minha mente explodiu, fazendo relembrar de todo meu passado, de todas memorias que estavam enterradas na mente.
Me lembrei do dia que encontrei ele pela primeira vez. Brinquedos floresciam de suas mãos, lembrei-me daquele sorriso agudo e sádico. Naquele dia eu o deixei muito irritado, ele esperava que eu desse mais atenção a sua arrogância, ele acreditava que merecia tudo de mim. Então ele se cansou e mostrou quem realmente era. Ele se revelou e aniquilou todas as pessoas importantes em minha vida. Ele sequestrou meus amigos para transforma-los em seus brinquedos, no início eu admirava ele por poder fazer tal coisa, eu era estupido por pensar assim. Foi inútil eu correr pela casa porque a porta azul reapareceu no meio da sala. Ele abateu meus verdadeiros pais e teve sua vingança, levando eles para longe de mim e quase me pegou também, mas consegui escapar de suas garras e corri o tanto quanto pude para longe dele mas o cheiro de sangue e carne decomposta persistia no ar.
- Foi você! – Eu estava possuído pela raiva e comecei a golpeá-lo com minha mão que estava livre dele. – Você que matou eles! Você! Eu continuei batendo nele, mas Jason continuava a sorrir, parecia que eu estava fazendo cocegas nele. Ele não tinha remorso algum por ter arruinado minha vida. Ele é um animal possessivo escondido atrás de um rosto bonito. Ele foi capaz de me dar tudo e depois arruinar minha vida. Ele era um ser maligno.
- É claro que fui eu minha esplêndida criatura! O Sr. Coelho foi um presente que eu criei pra você sempre lembrar de mim. – Ele sorriu para si mesmo. – Eu já fiz muitos, muitos brinquedos pra você com pessoas vivas, mal posso esperar para te apresentar a sua futura dona, Mareanda, mas você pode chama-la de Mandy se preferir.
De repente, algo acertou a cabeça dele mas quebrou em pedaços. Meu pai tinha um porrete de madeira, ele acertou o golpe na cabeça do monstro, mas a madeira foi quebrada. O sorriso de Jason se tornou uma careta de ódio e ele pressionou com mais força em meu pulso. Ele se virou e quando viu o rosto de Jason ele abriu os olhos arregalados e minha mãe cobriu a boca para abafar seus gritos. Meu pai não perdeu tempo em me libertar novamente. A vara quebrada no meio atingiu o rosto do Criado de brinquedos, na mesma hora puxei meu braço e consegui me libertar.
Corri junto com meus pais para fora do quarto. Rapidamente corremos para entrada, meu pai abriu a porta, mas em vez de termos a visão da frente do nosso jardim, havia um workshop do Jason.
- Nathan, eu vou lhe dar uma última chance! – Jason disse em uma voz baixa descendo as escadas – Eu vou pintar as paredes dessa casa com o sangue de todas as pessoas que você ama HAHAHAHA!
-Para cozinha, rápido! Nós corremos para a cozinha, ouvindo o riso do monstro que nos seguia.
Agora eu tinha uma assombrosa certeza que não era mais um pesadelo. O terror se apoderou de mim e o sangue de Deise em meus dedos era mais real do que qualquer coisa que já senti.
Eu me virei:
- Cadê o papai?
Minha mãe pegou uma faca e ficou mais perto de mim me segurando pelos braços.
- Steven! – Ela gritou com uma voz tremula, mas suspiramos de alivio quando vimos ele vindo da cozinha.
- Depressa antes que ele... – Assim como eu, ela olhou para o rosto pálido do meu pai. Ele caminhava lentamente com um olhar fixo no espaço e com os olhos arregalados.
De repente ele caiu no chão e atrás dele apareceu Jason com um sorriso congelado. O criador de brinquedos olhou para mim com os olhos selvagens.
- Acho que a bateria do papai acabou, deixe eu dar uma recarregada HAHAHA! – Jason revelou uma chave mecânica gigante pregada na parte de trás do meu pai, estava manchada de sangue. Ele deu corda no meu pai como se fosse seu brinquedo, a medida que ele girava a chave meu pai gritava. Na segunda girada eu comecei a gritar também, cobrindo meus ouvidos para bloquear o som dos ossos quebrando, mas eu não conseguia tirar meus olhos do corpo dele se contorcendo como uma cobra agonizado em dor.
- Vai embora! Deixe meu filho em paz! - Minha mãe me abraçou com força contra o peito e apesar do terror e as lagrimas, seu rosto parecia como uma leoa que protege seu filhote.
- Cala boca vadia! Não é com você que eu quero falar! – Resmungou o criado de brinquedos, furioso ele apontou sua garra branca – Vem comigo meu velho amigo. Nós vamos nos divertir juntos novamente, vamos voltar com a alegria e risos de antigamente.
- Não! Você é um psicopata! Eu não quero me tornar um monstro como você e tenho certeza que ninguém mais nesse mundo quer ser amigo de um monstro. Quero que você suma da minha vida! Quero ter minha vida de volta!
Ao som de minha recusa o rosto de Jason escureceu e seus olhos brilharam em fúria. Ele entrou em delírio, se contorcia e balançava a cabeça em negação.
- Eu não entendo – Ele resmungou baixinho – Você não entende, né? – Agora ele gritou cerrando os dentes, o rosto dele era ainda mais assustador agora – Eu fui o único que estava ao seu lado enquanto seus pais preferiam trabalhar Eu fui seu fiel amigo quando ninguém mais era – ele chegou mais perto de mim – Eu te dei toda minha atenção e criei um monte de brinquedos do jeito que você queria, então você não me quis mais e me machucou! – Seus gritos eram tão altos que ecoava pelas paredes enquanto meu corpo estremeceu de terror a cada palavra. – Eu me livrei das pessoas que et machucaram, não lembra? Você me pediu isso, eu acreditei que você queria ser meu amigo para sempre, mas você preferiu esquecer de mim.
Então o rosto relaxado de antes sumiu por completo e deu lugar a um rosto de louco sádico.
- Depois de tudo que eu fiz por você, não há desculpas, há algo extremamente errado com você. Você é uma criança extremamente má. Mas não se preocupe, eu vou corrigir isso. EU VOU TE CONSERTAR POR COMPLETO!
-Q-que? – Minha voz tremia.
-Você ouviu ingrato! Eu vou te consertar porque você não está bem – ele riu – Você vai se tornar meu mais lindo brinquedo.
Minha mãe estava paralisada por Jason, de repente acordou do transe e apontou a faca para ele.
- Não se atreva a tocar um dedo no meu filho, senão eu juro que vou mata-lo.
Jason olhou para minha mãe com um olhar desafiador e lentamente se aproximou. Eu sabia que Jason não gostava de ser desafiado. A faca tremia na mão da minha mãe enquanto Jason lançava um olhar inexpressivo. Ela me empurrou para trás dela e pulou em cima dele, minha mãe esfaqueou seu coração e os olhos do monstro se arregalaram, se contorcia de dor, gritando e agitando as sobrancelhas freneticamente, minha mãe sorriu triunfantemente.
- Brincadeirinha!
Foi quando o sorriso de Jason ressurgiu, ele abriu os braços indiferentemente, sem se incomodar com a faca cravada em seu peito. Minha mãe ficou imóvel por alguns segundos, mas ela estava possuída pelo desespero e começou a esfaqueá-lo diversas vezes, tentando desesperadamente fazê-lo reagir de alguma forma. O som nauseante de carne perfurada pela faca podia ser ouvido claramente, mas Jason matinha o perfeito equilíbrio.
- Acho que já foi o suficiente – num piscar de olhos ele pegou minha mãe pelo cabelo e bateu violentamente contra o chão – Eu estaria em apuros se encostasse nele, foi isso que você tinha dito?
Eu estava ao lado de minha mãe, ajudando a se apossar de joelhos, um lado do seu rosto estava inchado. Meus olhos saltaram para o criador de brinquedos que estava à espera de uma revanche imediata, mas eu estava petrificado como uma pedra quando vi o que ele estava fazendo.
Ele desabotoou a camisa e dirigiu as unhas no próprio peito, perto das lesões que recebeu com a faca. Ele afundou suas garras em sua carne e remexia por dentro dele procurando alguma coisa. Na ferida apareceu algo se rasgando para sair, um liquido preto e espesso caiu no chão. Não era sangue, mesmo se fosse deveria estar muito apodrecido como algo que nunca vi na vida. Algo brilhou de sua caixa torácica exposta.
- Provavelmente você também se esqueceu do quanto eu me preocupo com uma ótima trilha sonora no ambiente, mas tudo bem.
Suas mãos expostas cobriam uma caixinha de música que ele retirou de dentro de si mesmo. Então ele veio, eu queria gritar, queria ajudar, mas o terror que havia testemunhado me deixou completamente paralisado para fazer qualquer outra coisa, o importante era que minha mãe me abraçou, mas levou apenas um breve momento para ele arrancar ela de mim. Ele não teve o mínimo esforço para toma-la. Com uma mão ele apertou suas garras no pescoço da minha mãe e com a outra segurou o braço dela que esfaqueou ele.
- Agora vou lhe mostrar o que acontece com quem tenta me machucar, mamãe.
Lentamente ele inclinou o braço dela na direção oposta. Ela gritou de dor, tentando se libertar, mas o criador de brinquedos tem uma força enorme que ele poderia quebrar os ossos dela para fora se quisesse, mas ele não queria isso, ele queria ver ela chorando de dor. As unhas afiadas começaram a penetrar a carne no pescoço na minha mãe, ela não ia conseguir se livrar dele nesse ponto, ela estava perdendo sangue e morreria em alguns segundos.
- Ok tudo bem! Eu vou com você! Mas pare! - Eu gritei com toda a força que me sobrou.
Jason olhou por cima com um olhar sério. Minha mãe estava ficando mais pálida devido a dor e a perda de sangue. Ela precisava da minha ajuda, mas não havia nada que eu pudesse fazer a não ser me entregar o criador de brinquedos.
- Eu vou com você, mas deixe minha mãe – Eu disse com uma voz trêmula – Afinal, nós somos amigos, certo? – Eu tentei fazer um sorriso convincente, mesmo que estivesse tremendo da cabeça aos pés e com os olhos cheios de lagrimas, Jason sorriu. Ele estava satisfeito e feliz pela sua vitória.
- Excelente escolha, Nathan. – Naquela hora, os braços voltaram a cor habitual, suas feridas foram curadas em poucos segundos e ele tomou sua aparência amigável habitual. Seu rosto voltou ao normal, mas eu sabia o monstro que estava escondido por trás daqueles olhos cor de âmbar.
Parece que Jason aceitou minha renúncia, mas antes de soltar minha mãe, ele tirou do bolso um pequeno rato vermelho. Era sem dúvida mais um de seus brinquedos, daqueles de chave de giramento, ele deu corda no brinquedo, agarrou a mandíbula da minha mãe e colocou o brinquedo dentro de sua boca.
- O que foi? O rato comeu sua língua? HAHAHA – Ele gargalhou para longe de si mesmo. Por um momento eu vi os olhos da minha mãe em amplo desespero querendo gritar, mas tampada pela mão de Jason.
Vi uma luz e em seguida... uma explosão.
Ela caiu de joelhos, queixo, nariz e olhos se tornaram apenas uma poupa de carne onde antes era seu rosto. Ela caiu no chão. Sangue saia do seu corpo manchando todo o chão. Sangue e pedaços de carne dela respingou no meu rosto, eu estava paralisado olhando e não acreditando que aquilo aconteceu com minha mãe. Jason não parava de rir.
-P-por que você fez isso?
A esmagadora sombra do criado de brinquedos me cobriu e ele se inclinou para mim, seu rosto foi marcado por uma rachadura causada pela explosão.
- Porque agora nós não somos mais amigos, você é um pedaço de merda insignificante para mim. E agora eu sou seu criador.
Então ele me agarrou pelo braço e me puxou para ele.
- AGORA EU VOU TE CONSERTAR... POR... COMPLETO!